Dói-me. Dói-me muito. E não sei onde. Dói-me quando olho para ti, quando te vejo já ao longe, de cigarro encarcerado entre os teus dedos tão monstruosamente pequeninos. Dói-me saber que só te volto a ver quando já for tarde, e quando a dor se cansar de tanto me cansar. Tenho as mãos suadas e o coração a transpirar de tanto dar voltas e revira-voltas. Dava tudo para saber estancar o palmo e meio de rasgo que me fazes na carne, não para o fazer, mas só para saber como actuar em caso de extrema urgência, que de urgência já eu vivo. Dói-me muito, mas não sei onde. Se agora mesmo entrasse nas portas cansadas de um qualquer hospital, ficaria dia e meio para explicar onde e o que me dói. E ainda assim, dia e meio depois, estaria exactamente no mesmo ponto da conversa. Estaria de frente para uma bata branca, curvado de dores, de soro a violar-me o braço e o sangue, e de coração semi-risonho, como uma criança que faz das suas e olha para o lado para que ninguém a veja. "Juro que me dói senhor doutor, juro-lhe." De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu? A dor que me causas passa os limites de cinco países juntos.Apetece-me beber-te a conta-gotas.
Dói-me. Dói-me muito. E quando me
disseres onde, vai doer-me muito mais.
Bruno Nogueira
1 comentário:
que te continue a apetecer beber cada uma dessas gotas. porque são elas que acalmam o peito e deixam de doer em nós estridentemente. são elas qe nos fazem sonhar durante todo o tempo até chegar o dia em que o cigarro lá está, nas maos mosntruosamente peqeninas e monstruosamente acolhedoras. aí, já não há dor qe valha a satisfação do calor daquelas mãos.
e é então que so pensamos em beber as gotas qe nos alimentam ..´
e sabem tão bem :)
beijinho minha muxaxa :D*
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