segunda-feira, dezembro 24, 2007

Que me (não) leves

Chegou o dia. Hoje, sim, já te posso agradecer por, novamente, ser. Não te o digo, mas sussurro! Quero-te tão bem…Mas não te quero. Aliás, hoje repito mais mil e uma vezes o que a minha alma pede e o que a minha cabeça ordena: “quero estar sozinha”. Quero-me e, estupidamente, escolho-me a mim. Prefiro assim. Juro que prefiro! No entretanto, peço-te, não saias de mim. Não me deixes percorrer sozinha o trilho, não me abandones, não me largues, não me libertes da tua música e sem a tua musicalidade. Não me prives da tua voz por perto, nem da tua esmagadora presença. Faz-me como sou, mas não me faças diferente. Faz-me ver-me, não me o mostres. Não me faças não te sentir na pele. Não me faças querer não te querer. Melhor, não me queiras. Não me faças ter-te. Porque não te tendo, não te temo. Também não temo a solidão, mas temo-te a perda. Não temo o frio, mas a falta do teu calor. Não temo uma cidade vazia, temo uma cidade grande demais só para mim. Não me deixes voltar para trás, nem me deixes ir em frente. Não me barres a passagem, mas também não me encorajes a ida. Alimenta-me o sonho, mata-me a sede de sentir vida por dentro, mas não me enchas de esperança. No entanto, fica por aqui! Por favor. E volta, volta atrás de mim, como tantas vezes. Volta a pegar-me pela cinta com a firme delicadeza daquela noite quente de outono. Enrola os teus braços em mim, para que, sem tempo de nada e de tudo, te possa fugir, deslizando. Volta a silenciar-me de medo, para que o meu coração não se cale. Volta a trazer-me e a levar-me pela mão. Volta sempre! Fazes-me bem, não o sabes, mas digo-to agora. Ainda assim, juro-te, continuo isenta de outra qualquer escolha. Sim, quero estar só, mas não quero ser só…



.Leva-me pela mão, mas
deixa-me ficar.